terça-feira, 14 de maio de 2013

Você faz questão de um cão de raça? Pense duas vezes


Remexendo meus textos guardados deparei com este do Sérgio Greif -Biólogo, Mestre em Alimentos e Nutrição com tese em nutrição vegetariana, ativista pelos direitos animais, e o texto esta tão bom que peço licença ao Sérgio para colocá-lo na integra aqui no meu blog! ilustrado por fotos de cães SRD.


É bastante comum que na busca pela companhia de animais utilizemos critérios raciais como determinante de escolha. Isso não acontece à toa, vamos à livraria para pesquisar sobre cães e os livros nos dizem qual raça é boa para apartamento, qual raça é boa para se ter com crianças, qual raça fornece bons cães de guarda . . . Os pacotes de rações para cães trazem sempre imagens de rottweilers, labradores, cocker spaniels ou dachshunds, sempre cães de raça; igualmente as propagandas de produtos voltados para esse mercado ou que utilizam cães apesar do produto não estar relacionado.
Há, portanto, um apelo para que "consumamos" cães de raça e para que, por outro lado, desprezemos cães que não sejam de raça. É verdade que esse "estigma do cão vira-lata" esteja menos forte atualmente do que estava 15-20 anos atrás, mas ele ainda persiste.
Por outro lado, tendemos a considerar errado julgar as pessoas por sua raça. Pessoas normais não escolhem, por exemplo, ter amigos brancos ou japoneses e desprezam possíveis amigos negros ou índios, apenas com base em critérios raciais. Tampouco não vemos com bons olhos publicações que tentam associar determinadas raças humanas com determinados padrões de comportamento. E mesmo que possamos definir com certa precisão nossa linhagem ancestral, não é de bom tom sustentarmos isso como indício de superioridade ou em conotação de pureza. E se isso não é bom ou certo no caso de seres humanos, também não o é em relação aos cães e outros animais.
O que são cães de raça?

Como no caso das raças humanas, não há uma sustentação científica para o conceito de raças caninas. Todos os cães pertencem à espécie Canis familiaris (ou mais recentemente Canis lupus familiaris) e descendem de lobos cinzentos (Canis lupus), que foram domesticados provavelmente há 100 mil anos. Cães são, portanto, uma subespécie de lobos cinzentos.
Do lobo para o cão há uma grande diferença, mas 100 mil anos de seleção artificial foram suficientes para que o ser humano desenvolvesse milhares de variedades de cães. Os primeiros critérios adotados pelo ser humano para a seleção de animais de companhia foram sua mansidão. Lobos muito agressivos eram difíceis de manter; por outro lado, animais mais mansos eram preteridos.
O geneticista russo Dmitri Belyaev observou, quando da domesticação de raposas, que após algumas gerações de procriação seletiva os animais se tornavam mais mansos e desenvolviam comportamentos característicos de cães domésticos que não eram expressos em raposas silvestres. Mais do que isso, algumas gerações após a domesticação esses animais passavam a apresentar orelhas moles, focinhos mais curtos, padrões distintos de pelagem e cauda erguida. Possivelmente, os genes que regulam essas características são, tanto o lobo quanto na raposa, ligados aos genes que conferem aos animais maior mansidão.
Podemos entender, por esse estudo de Belayev conduzido em poucas gerações, o que milhões de gerações fizeram ao lobo, possibilitando o surgimento de variedades de descendentes tão distintos quanto um chiwawa ou um dogue alemão. E ainda assim, todos cães domésticos.
No entanto, quando consideramos geneticamente, o conceito de raças caninas não faz sentido. O que existe sim são grupos de animais cruzados seguidamente entre si para expressar determinadas características que lhes confere visível semelhança, e algumas vezes a propensão a determinada índole. Mas é só.
Exceto por uma acentuada aparência externa, nada distingue uma raça canina de outra. Existem, obviamente, linhagens que são maiores e linhagens que são menores, linhagens mais agitadas e menos agitadas, linhagens que se morderem alguém causarão um estrago maior do que outras, até por sua força física . . . mas todas essas características podem ser encontradas também em cães chamados "sem raça definida" - SRD.
Uma pessoa que busca simplesmente um companheiro canino não precisa adquirir um guia de raças que garante que tal linhagem expressa determinado comportamento, não precisa ir a um canil adquirir um cão com pedigree por um preço que pode variam de R$ 200 a R$ 2.000, até porque amigos não se compram.
O que determina que cães são de raça?
O que determina que certo cão pertence a certa raça, que um segundo cão pertence a uma raça diferente e que um terceiro cão pertence a um grupo sem raça definida é um critério absolutamente artificial. Cães não se reconhecem a si mesmos como pertencentes a raças distintas, como ocorre no caso de raças surgidas de maneira natural. Mas se não é algo natural, de que forma os critérios raciais surgiram para cães?

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Porque você quer um cachorro??


Pra começar podemos pensar se queremos mesmo um cachorro ou um gato, pois adotar, ou (infelizmente) comprar não é uma situação imposta pela vida, como ter um filho (na maioria das vezes a gravidez humana não é planejada). Em se tratando de animais não humanos podemos pensar e resolver não ter!
Mas a maioria das pessoas não pensa antes! Acaba por adotar e mais frequentemente comprar, por impulso, assim como fazem com aquele sapato ou camisa que compraram e nem usam, simples – eu vi na vitrine e comprei.
Estas pessoas devolvem ao primeiro problema, passam adiante, abandonam no meio da rua ou abandonam no próprio quintal/apartamento.
Porque ele late, ele cresceu demais, ele faz muito xixi, eu vou me mudar para um apartamento, eu vou ter um bebe, eu vou me casar, eu me separei!
É meio difícil de acreditar, mas muitas pessoas não sabem que estas coisinhas peludas, comem, fazem coco, xixi, crescem, adoecem e vivem na média 15 anos.
Tem muito ser humano que quer ter um cão ou gato porque:
  • Meu amigo tem (e eu tenho inveja dele)
  • A apresentadora da TV tem (e eu queria ser ela!)
  • Eu queria dar para as minhas crianças (animais não são brinquedos!)
  • É bonitinho (se ficar feio eu abandono)
  • Para fazer companhia (nas 4 horas em que fico em casa nas outras 20 horas o cachorro é que vai ficar sozinho no apartamento!)

Por isto eu pergunto a você: Porque você quer ter um cão (ou gato)??
Se decidir mesmo ter, por favor não compre, adote
E pense muito bem antes, reflita, considere, isto se chama adoção consciente e é o primeiro passo da guarda responsável.